A propósito do Dia Mundial da Criança, lembrei-me de fazer um post diferente, cheio de memórias e boas recordações.
Um dia todos fomos crianças com as respectivas birras e risadas, brincadeiras e amigos, com tudo que uma criança deve ter e ser. Muitas foram obrigadas a trabalhar por necessidades, outras a seguir um desporto não escolhido por elas próprias, que por vezes apenas eram do agrado dos pais.
No meu caso, tive felizmente o prazer de me ser apresentado logo desde criança este belo e fascinante mundo que é a pesca.

Para este post fazer sentido, foi necessário ir ao baú das fotos, digitalizar (que na altura as máquinas não eram digitais) e por momentos, simplesmente ficar a olhar para elas. Pensar como o tempo passa mas "aquela" sensação sempre que um peixe está ferrado do outro lado da linha não desaparece, passe o tempo que passar....
A alegria é sempre a mesma, a ansiedade antes de um dia de pesca é a mesma, a satisfação depois de um bom dia de pesca... Tudo na mesma!
Começando com uma simples cana da índia feita e oferecida pelo meu padrinho (que ainda a tenho guardada), rapidamente lhe tomei o gosto e depois disso, não havia nada mais a fazer... Tinha que continuar, continuar a pescar!
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As primeiras pescarias |
Tive sorte também por ter sido acompanhado, incentivado e ajudado de todas as formas e feitios pelo pessoal da Casa Filipe.
Foi nessa loja de pesca que passei horas, dias, semanas da minha vida a ver, sentir, respirar, viver pesca.
Graças a eles, meti-me em competições de pesca em água doce. Aprendi muito...
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A primeira prova de pesca - Rio Douro - Pala |
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Treinos às percas :) |
A paixão pela pesca ia crescendo e com ela também crescia a vontade de querer aprender mais, de ir mais longe.
Os fins de semana eram frequentemente requisitados por mim para me levarem à pesca, ocasionalmente lá conseguia o que queria e pela proximidade, a pista de pesca em Amarante era o destino.
A pesca com cana directa já era passado, começava a querer compreender e praticar a pesca à bolonhesa e inglesa.
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Foram muitas as lutas em Amarante... |
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...Algumas eu venci :) |
Nas férias a pesca também tinha que ter lugar, fosse no mar ou no rio. Na companhia do meu pai, padrinho e primo, tive bastantes pescarias partilhadas...
Foram muitas as horas passadas no rio Tua de cana na mão, a tentar enganar os valentes barbos da corrente...
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Vilarinho das Azenhas... |
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...rio Tua e a sua velha ponte... |
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E um belo e colorido pimpão :) |
Já nessa altura tinha curiosidade pela pesca com amostras, mas ainda era um bicho confuso, com tantas formas e feitios, mas nem isso me fazia desistir.
Estava a pescar, estava no meu meio e isso deixava-me de sorriso na cara :)
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Achigãs foram as primeiras "vitimas"... :) |
O tempo ia passando e as coisas estavam cada vez mais a ficar sérias no que toca à competição.
Comecei a frequentar alguns concursos para ganhar experiência, para ir percebendo como funciona tudo, qual a organização das coisas que devo ter e o que não devo fazer...
Foram vários os locais visitados, alguns com resultados memoráveis!
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A primeira visita à Barragem do Ermal... |
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...E a segunda visita à Barragem do Ermal! |
Dos concursos ao campeonato regional foi um pulo. Já tinha algum conhecimento e treino, era hora de arriscar. Correu bem, pois logo na minha participação consegui sagrar-me Campeão Regional Norte (2002) na categoria de Juniores :)
Foi de todos os campeonatos que participei, aquele que melhor me correu com provas divididas entre a pista de pesca do Prado e a pista de pesca de Cavez acabei por fazer 3 primeiros lugares em 4 provas... Épico!
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Uma das muitas visitas a Cavez |
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Em acção em pleno Prado :) |
Daí para a frente, tive algumas participações em campeonatos ora Regionais, ora Nacionais (conforme a classificação) e fui visitando diversos paraísos da pesca como Chaves, Penacova, Cabeção, Mora, Coruche...
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Luta feia contra barbo |
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Em quantidade é melhor :) |
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Chaves novamente, prova dura... |
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Penacova Regional Norte, das provas mais duras que tive |
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Ainda em Penacova |
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Mora - Cabeção - Prova Nacional |
Ainda relembrando que se tratava de uma criança, é sempre necessário lembrar que se consegui o que consegui, foi porque tive apoio (grande e forte) de algumas pessoas.
Sem essas pessoas, não teria sido a mesma criança, não teria o apoio que é necessário ter, a paciência para aguentar tudo e a disponibilidade que tem que se inventar para as provas distantes.
Foram viagens a horários loucos de madrugada em plenos domingos (e por vezes sábados), kms atrás de kms de estradas nacionais com o material na bagageira.
Falo obviamente dos meus pais, aqueles que me aturaram durante anos e me apoiaram imenso.
Neste dia da criança, lembrem-se que mais do que um brinquedo ou um presente, uma criança deve ter
apoio, carinho e amor.
Um brinquedo eventualmente será posto de parte ou partirá. Os alicerces dos pais, são eternos...
A criança que viram entretanto deixou de o ser, cresceu como pessoa e pescador, aprendeu outras técnicas, outras mentalidades, adoptou outros princípios e ganhou outras ambições.
A paixão, essa grande culpada por isto tudo.... É a mesma desde o primeiro dia.
E acima de tudo lembrem-se: preservem a natureza, respeitem os tamanhos mínimos e sempre que possível libertem as vossas capturas.
Um dia serão outras crianças a pescar :)