Olá a todos!
Este poderá ser um relato mais extenso que o normal, mas a justificação é muito simples: uma semana dedicada à pesca. Sim, isso mesmo! Uma semana inteira para fazer todas as marés que o corpo deixar!
Parece fácil, certo? Mas não é... E quando as condições são mais que adversas, pior ainda...!
Eu e o meu primo já andávamos a falar várias vezes e durante muito tempo na hipótese de um "dia" fazermos uma longa jornada só de pesca. A oportunidade surgiu, as férias foram marcadas e foi tudo alinhado ao pormenor! Destino: Costa Vicentina.
Pequeno (grande) problema: as previsões iam ser cada vez piores, precisamente durante a semana que tínhamos combinado tudo... Lembrem-se bem disto quando tiverem a ler o resto do relato!
Fiz a viagem até Lisboa logo de manhãzinha, fui almoçar com o João, que já não via há imenso tempo, e depois disso encontrei-me com o meu primo. Tudo empacotado no carro, que mais parecia uma carrinha de mudanças de tão carregado que estava, fizemo-nos à estrada!
Antes de sequer descarregar as coisas, fomos logo espreitar spots, para aproveitar a luz do dia. Vimos o que queríamos, comprámos alguns alimentos e então sim - descarregar.
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Tralhas de surfcasting, spinning, chumbadinha... Só tralha! |
O plano era tentarmos a sorte a pescar ao fundo, podia ser que déssemos com alguns sargos ou douradas. Já que de outra forma, era impossível pescar....
Alimentámo-nos bem, vestimos o fato de chuva e fomos apanhar isco. E que chuvada levámos! E o vento? Impossível, foi simplesmente de loucos!
Parecia coisa de filme, em que a qualquer momento ia aparecer o Godzilla ou outro monstro qualquer no meio da tempestade...mas lá conseguimos safar algum isco.
A caminho do pesqueiro, com uma chuva e vento que mais apetecia era ficar em casa, encontrámos um coelhinho na beira e brincámos que já tínhamos um petisco (calma que não fizemos mal ao bichinho, ele fugiu logo).
Mas só brincámos até encontramos mais à frente um grande javali. Porra, que susto aquela visão do nada! Uma besta preta, ali parada no caminho e quase nem nos ligou, foi calmamente embora... Pudera, o susto foi maior para nós que para ele!!!
Recompostos do susto, esperámos uns 45 min. para que a chuva e vento acalmassem. Quando deixou, fomos lançar umas chumbadas bem lá do alto de uma falésia.
Íamos sentido peixe aqui e ali, mas nenhum vinha ferrado. Até que me calha a mim o primeiro peixe ferrado!
Umas valentes pancadas, levou alguma linha mas acabou por ser dominado. Faltava agora a parte crítica - levantar o peixe. E começaram as complicações...
Com o peixe encostado, o mar a bater, eu apenas posso segurar a cana e ir controlando. O meu primo põe a rabeca na minha cana. A rabeca prende no primeiro passador.
Voltamos a abrir e a passar para a frente. A rabeca quase não desliza por causa dos passadores.
Vai até à ponteira. Fica presa na ponteira. Eu tento abanar um pouco a cana e lá acaba por soltar e deslizar pelo fio abaixo. Vai descendo e descendo...
Vem uma onda de um set mais forte. Ao mesmo tempo a rabeca toca na água. O carreto começa a cuspir fio por causa do peso todo, o fio toca num penedo qualquer por baixo da falésia e puff......
Xau peixe.
É mau? É, mas pode ser ainda pior. Graças a esta confusão toda, o passador da ponteira foi completamente arrancado.
Peixe, chumbada, ponteira... Tudo com o c*****o!
Lixado da vida, volto a fazer a montagem e continuo a pescar, mesmo sem o passador. Que se lixe!
Entretanto foi a vez do meu primo ferrar peixe, um bom peixe! Controla-o de cima, vai encostando e desta vez mudámos de tática. Veio à mão para cima, agarrando na linha e puxando muuuuito devagar para não partir!
Conclusão? Vejam vocês mesmos!
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Valente dourada, esticadinha mas magra...! |
Ficámos malucos, uma grande dourada, já estava mais que ganha a noite!!
Mas a noite não ficou por aí... E passados uns 20 min., voltou a ser a minha vez de ter peixe ferrado, round 2!
A tática usada foi a mesma - puxar o fio à mão. Eu segurava na cana e ia compensando no carreto, o meu primo enrolava à mão até que...
JÁ ESTÁ!! A MINHA PRIMEIRA DOURADA!!! LINDA, FANTÁSTICA, EU ESTAVA EM DELÍRIO!!!
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Primeira dourada - 2,265kg |
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Ferradinha no beicinho! |
Bem, que noite estava a ser... Duas douradas, um peixe perdido, uma ponteira retalhada...!
Continuámos a pescar, íamos sentindo peixe ocasionalmente, mas sempre muito manhoso. O meu primo voltou a ter peixe ferrado, mas ao encostar acabou por partir mesmo rente ao anzol.
Pesca terminada, vamos mas é para casa que amanhã há mais!
Mas antes, umas fotos para celebrar ;)
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As duas capturas da noite |
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A minha primeira dourada! :) |
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Milton e as duas douradas |
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Acordámos ainda meio abananados da noite anterior, mas estávamos ali era para pescar. Tomámos o pequeno-almoço e fomos dar uma volta durante a maré baixa para espreitar spots. Não vimos grande coisa, mas o passeio foi brutal!
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Ninho de Cegonha |
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Flora das dunas |
Como tínhamos levado as canas connosco, decidimos fazer uns lances no mesmo spot para ver se as madames ainda andavam por lá. Acabamos por não as encontrar e com a fome a apertar, fomos para casa saborear uma bela dourada escalada na brasa!
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Selfie estragada pela fita :) |
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Dourada escalada e assada na brasa! |
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Mais um dia, mais uma saída atrás do peixe. Repararam que eu disse ao início que as previsões iam piorando cada vez mais? Pois, dia após dia, foi aumentando o vento e o mar, quase impossível pescar.
Mas temos que fazer ênfase no quase...
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Os persistentes, bem agasalhados! |
Porque fomos para ali para pescar, e é a pescar que estamos bem! Quem também ficou bem na foto, foi um valente sargo quileiro que safou um dia que parecia estar perdido no meio de grades!
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Sargo quileiro - o safa grades |
De noite, as previsões iam estar aceitáveis, mas o mar não. Optámos por mudar a tática e em vez de pescar da pedra, procurámos um cantinho que deixasse fazer um surfcasting. Acabámos por encontrar e demos com uns sarguitos, que foram o almoço do dia seguinte!
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Sargos jeitosos |
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Antes de irem à grelha.... |
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...Depois de estarem no solário! Que belo bronze! |
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Se antes estava quase impossível, neste dia a coisa estava mesmo má. E também para descansarmos um pouco, fomos dar uma volta ao longo da costa, visitando alguns quintais bem conhecidos e que certamente muito bom pescador irá reconhecer logo à primeira foto ;)
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Praia de Almograve |
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Cabo Sardão |
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Zambujeira do Mar |
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O tempo vai passando e quando damos por ela, já estamos praticamente no final das férias. E com a sorte que tivemos até à data, obviamente que só agora as previsões acalmavam. Óbvio...
No último dia de pesca, dividimos a investida em dois. Primeiro vamos fazer uns lances para relaxar no rio, só para esticar as linhas e tal. Sem grande pressão para apanhar o que quer que seja.
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Canas ao alto, Vila Nova de Milfontes ao fundo :) |
De noite, com as previsões todas alinhadas como bem gostamos, tínhamos que dar tudo por tudo. A fé era bastante, a esperança ainda maior. O vento acalmou, a chuva deixou de chatear, o mar estava em queda. Tudo perfeito!
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Até o pôr-do-sol foi perfeito. |
Mas se sorte não tivemos até aquele momento, também não ia ser agora, não é? O que poderia estragar tal noite de tanta esperança?
Algas. Quilos e quilos de algas foram apanhados e içados falésia acima. Chegámos a deitar-nos na pedra sem estar à pesca, a olhar para o céu, apenas para fazer tempo de a maré virar e levar com ela as algas!!
Mas pouco adiantou... Juntemos agora a essa noite o facto de eu ter ferrado um peixe e, quando ia começar a levantar, lá veio o raio da onda que varreu tudo - fio na pedra e acabei sem peixe.
Acabámos por fazer uma valente jornada de quase 8H a pescar, sem grandes resultados. Um sabor agridoce, assim como a promessa de que um dia voltaremos e, aí sim, é que vai ser!!
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Desculpem o relato longo, mas resumir uma semana com tanta pesca no meio, torna-se complicado :) Certamente muitas peripécias escaparam neste relato, outras nem valem a pena contar, mas o que posso garantir é que mesmo correndo como correu, ficarão todos os momentos bem gravados na memória.
Daqui a uns bons anos iremos estar os dois sentados, de cana na mão numa pedra qualquer - como de costume - e vamos invocar estas aventuras para a conversa. E vai ser como reviver tudo...
Isto é que é pesca. O resto são grades.