Foi-se a Malapata, vieram os recordes!

Vou-vos contar 2 jornadas seguidas que vão ficar para sempre na minha memória, pela intensidade e casualidade com que foram vividas!

Dia 1 - O enguiço foi levantado a ferros...

O desafio para uma pescaria salgada no nosso spot habitual apareceu a pedido especial do João. As saudades que ele e eu tínhamos do mar fizeram-me acordar às 4h45 mesmo sem sabermos como estaria o local ou o mar.
Preparados para tudo, chegamos ao local observamos um pouco o mar, escolhemos as armas do dia e lá vamos nós arriba abaixo. Os lançamentos iam saindo uns atrás dos outros mas peixe nem vê-lo, apesar do mar ter um bom aspecto robaleiro.
Depois do João perder uma amostra presa numa rocha submersa e eu um vinil em situação semelhante, a paciência e ausência de peixe aliada ao nevoeiro húmido que se ia sentido fez com que acabássemos a pescaria por volta das 9h.
Fomos tentar lançar as "amostras" para outro lado e apanhamos 2 belos travesseiros de Sintra e 2 cafés revigorantes :)

Sabendo de antemão que a pescaria não passaria das 10h, combinei no dia anterior uma investida às corvinas com o meu primo. Ora com o material já pronto e arrumado no carro foi chegar do mar, trocar de carro e seguir para as corvinas!
Eram 9h45 mais ou menos quando me encontro com ele e fomos logo lançar uns vinis ao Tejo para ver o que nos reservava o destino.


Ora bem, ao fim de cerca de 4h de pesca dizia o destino que o que eu iria tirar era..... Xarrocos. Tirei em menos de 2h qualquer coisa como 4 xarrocos, sempre a trabalhar o vinil rente ao fundo mas corvinas nem vê-las!

Xarroco e o seu smiiiiile :D

Eram 13h, a maré estava feita mas ainda tínhamos fé que hoje seria "o dia". A atitude tomada passou por irmos até outro sitio espreitar, parando antes no Pingo Doce. Porquê Pingo Doce? Porque tínhamos que comer alguma coisa (optamos por 2 baguetes grandes) e porque precisávamos de um protector solar!
Como manda o hábito bom português, só depois do mal feito é que toma atitude, ou seja só depois de termos um valente escaldão em cima é que nos lembramos que tínhamos que pôr protector :P

Recompostos os estômagos, era hora de atacar o novo sítio. Mas a desilusão quando lá chegamos foi ENORME. Aquilo mais parecia uma lixeira, com algas, cinzas, escamas, garrafas, sacos, xarrocos em decomposição... Tudo sujo e porco!!!! ISSO NÃO É DE UM PESCADOR, É DE UM M€RD@S!!!!
Pescamos no máximo 1h e decidimos voltar ao ponto de origem, aquilo não era para nós...
A ideia era irmos embora para casa, mas lá insistimos em ir espreitar um pouco para ver como andavam as capturas. Na brincadeira com o meu primo, achei 1 cêntimo e disse que iria atirar a moeda à água para pedir um desejo, "Uma corvina...". Capturas não havia, mas havia actividade na água...Hum.... "Vamos buscar as canas?"

Sim, voltamos ao carro para pegar nas canas e voltar a insistir e abusar da nossa sorte. Mais uns lances e apanho o xarroco nº5 do dia e o meu primo ainda nada... Até que finalmente tirou um xarroco para felicidade dele :)
Entretanto, ele prende o fio dele numa linha perdida que trazia um vinil preso. Com cuidado pegamos na outra linha e lá conseguimos tirar o vinil, mas o peso do cabeçote era demasiado para a cana dele e eu sugeri trocarmos de vinil, pescando eu com o que ele apanhou.

Conversa vai, conversa vem, o sol estava a desaparecer quando de repente.............

Levo uma pancada enorme na cana, seguida de um fulminante arranque!! O drag do carreto cantava como nunca tinha ouvido, a cana dobrava o quanto conseguia e o peixe corria que nem um louco!!!
Era a minha primeira corvina ferrada, eu sabia disso perfeitamente, restava-me agora ter a calma e paciência para tirar aquela besta da água!
A corvina nadava forte a favor da corrente, eu via o fio a sair e tinha que tomar uma atitude de controlo, comecei a apertar um bocado o drag. Mesmo assim ainda levava fio! Voltei a ajustar um pouco o drag, pareceu acalmar um pouco e tive um pequeno susto logo de seguida... Deixei de ter tensão do lado do peixe!
O primeiro pensamento foi "pronto, foi-se!!" mas recuperei rápido a linha e voltei a sentir tensão, a danada tinha virado de sentido rapidamente e folgou-me a linha!
Continuei a trabalhar o peixe, sempre com calma, sempre a atento a possíveis arranques que pudesse mandar, controlando com a cana e carreto a saída de fio. Depois dos arranques iniciais ainda teve energia para mais alguns arranques, mas nada comparado com os primeiros...

Hiro Magister e Okuma Trio em trabalhos "pesados"!

Como mandam as regras, trabalhar o peixe é algo que tem que ser com calma, paciência e cuidado, pois tudo pode mudar de um momento para o outro. O nervosismo era mais que muito, mas muitas opiniões dos "pescadores de bancada" eu preferia nem dar ouvidos. Eu sabia o que tinha que fazer, o momento que tanto esperei durante 1 ano e meio, a minha estreia com uma corvina estava eminente!
Com a corvina já perto, restava-me conduzir a cabeça dela para perto das pedras onde esperavam o peixe para fazer a recolha eeeeee..... JÁ ESTÁ!!! Dei logo de seguida um abraço ao meu primo de tanta felicidade, a minha primeira Argyrosomus regius estava recolhida! O desejado troféu estava ali, mesmo à minha frente!

A primeira Corvina!

O desejado troféu! - Argyrosomus regius

Apenas queria celebrar e sorrir de tão contente que estava, a minha primeira corvina enorme era uma enorme corvina!! Bater o recorde desta será algo bastante difícil mas isso já era pensar demasiado à frente, o momento e o que importava era o agora!

Argyrosomus regius.... de respeito!

Corvina com 21,11kg e 142cm

Alguém tinha uma balança à mão e tirou-se logo as dúvidas quanto ao peso da "menina"... 21,11kg de força!!! Mais tarde medida em casa, tinha qualquer coisa como 142cm... Uau.... :O
O vinil, esse desgraçado, ficou rasgado da luta e por causa de toda a história que tem por trás, nunca mais irá para a água... Será guardado e preservado, sempre lembrado e relembrado como o vinil que veio do fundo do Tejo para me dar a primeira corvina deste tamanho!
Podem bem ver o estado em que ficou o vinil...

Vinil rasgado :\

Cana: Hiro Magister Lure 3.00m 20-60g

Carreto: Okuma Trio 40s

Multi: Sufix Matrix 0,23mm

Vinil: Lunker City 6" Atomic Chicken + Cabeçote caseiro (anzol 6/0?? 7/0??)

Dia 2 - Depois da estreia, um outro recorde batido...

Depois do sucesso obtido uns dias antes com a investida à corvina, optei por deixar passar algum tempo antes de voltar a pescar tanto por não ter necessidade de uma nova captura e por ter bem presente a luta que me dera aquele belo troféu, não querendo sobrepor essa memória com nada!

Mesmo assim, ainda andei uns dias a observar alguns colegas destas andanças a investir e a tentar a sua sorte, tendo um ou outro sido bafejado pelas cabeçadas e arranques fulminantes de corvinas. Num desses dias, calhei de levar a cana no carro mas a ideia nem era pescar, mas sim ter um recurso caso me apetecesse matar o vício...

Um dos colegas tira um bom robalo (na verdade fui eu que tirei, ele ferrou e eu pedi para tirar com a cana dele já que não estava à pesca), depois tem outro toque e insistiu comigo para pegar na cana e tentar lançar para um fundão que havia ali, pois os robalos andavam lá a atacar bem...

Lá me convenceram, fui montar a cana e levei apenas 1 vinil comigo. Esse vinil, infelizmente apenas aguentou o primeiro lançamento já que uma bela pedra esfomeada ficou com ele...
Fui buscar mais 2, desta vez trouxe um dos meus feitos em casa. Lançamento atrás de lançamento, sempre a sentir bem o fundo, à procura do fundão e pedras descobertas....

Tenho um toque, sinto uma pancada mas era diferente do da corvina, este toque era mais nervoso e constante! Estava bem ferrado, o drag ia cantando um pouco, a cana amortecia as investidas do peixe, o multifilamento gritava novamente ao roçar nos passadores!
A luta não demorou muito mas teve que ser sempre controlada por causa das pedras por perto. Ao chegar mais perto, o peixe deixou ver o lombo e que belo robalo estava na outra linha! Esperto e sempre a contar com os instintos, decide fugir pelas laterais onde havia bastantes rochas...

De repente sinto o multi a saltitar nas pedras, tinha que reagir rápido senão o peixe iria partir o fio num instante! Estico o braço o mais que consigo para a frente, forço o peixe a virar para o outro lado e a subir à tona da água, longe das pedras e..... Funcionou! O robalão estava agora rendido e restava cobrá-lo com o camaroeiro!

Gigante derrotado

O que mais me orgulhou nesta captura foi o facto de ter estreado um dos meus vinis caseiros e logo com um peixe de bom calibre, que se tornou instantaneamente no meu novo recorde de robalo!

Vinil caseiro e Robalão

Claro que não podia deixar passar a oportunidade de finalmente tirar uma foto com um recorde, é da praxe :)

Recorde batido...Sorriso garantido! :)

Depois da captura, voltei a fazer mais alguns lançamentos, mas novamente uma pedra esfomeada cobrou-me o vinil e de seguida o ultimo que tinha destinado para o dia... Estava feita a pesca, hora de ir para casa!
Já em casa, aproveitei para com calma medir e pesar o robalo tendo acusado uns 74cm e 4,150kg! Acabei de dobrar o meu singelo recorde anterior, agora a fasquia estava bem colocada :)

Robalão de perfil....

...medindo 74cm!

Já depois de o arranjar e preparar com ajuda do João lá consegui retirei os otólitos, à semelhança do que fiz com a Corvina e é simplesmente incrível as diferentes formas e tamanhos que formam de peixe para peixe!

Cima - Otólitos de corvina 21kg
Baixo - Otólitos de robalo 4kg

Estavam feitos 2 recordes no espaço de 4 dias, algo nunca imaginável por mim e muito menos com o calibre que foi.... Agora, será mais difícil mas nunca impossível! :)

Cana: Hiro Magister Lure 3.00m 20-60g

Carreto: Okuma Trio 40s

Multi: Sufix Matrix 0,23mm

Vinil: Caseiro cor "Pérola Suja" + Cabeçote Flashmer 36g 4/0

PS: No meio destas aventuras ainda houve tempo para fazer amizades, para receber e transmitir conhecimentos. Houve inclusive uma cana partida que acabou por facturar um bom peixe... Um abraço "chavalo" e vemo-nos por aí nessas pedras!